Aventurar-se nos mágicos caminhos da palavra encantada, abrindo o coração à visão do invisível, ao gesto da escuta, ao olhar que se maravilha, ao pensamento mágico e imaginativo, ao universo brincante, à diversidade cultural dos povos é o convite deste projeto de trabalho e vida.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Tornando Real o faz de Conta

Coisa mais linda! Acabei de receber esta foto de uma apresentação de "Histórias Cheias de Brincadeiras" realizada numa creche (2007). Foi emocionante ver as crianças embarcando na proposta de comer o lanche de faz de conta. Neste espetáculo trago histórias de brinquedos e relembro brincares antigos. Neste momento contava que adorava brincar de casinha, de fazer comida.... Como eram muitas, servi para todas! E todas entraram no jogo! Olhando as expressões e gestos dá até para sentir o gosto, a textura e peso das comidinhas. Isto me faz lembrar da Viola Spolin quando fala dos conceitos de "tornar real" e "fazer de conta". Que lição as crianças dão, tornando real com tanta vivacidade e verdade a comida "de mentira".
Me parece que nas instituições em que o trabalho incentiva o lúdico, a imaginação, a liberdade, as crianças são mais receptivas à fantasia. Obrigada e parabéns às professores. Obrigada às amigas que me levaram ao local proporcionando esta experiência tão rica e feliz. Estas vivências reconfortam o coração e dão sentido à trilha escolhida, que nem sempre é facil de seguir.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Realidade ou fantasia?

Quando eu era pequena , adorava ficar olhando a poeira dourada dançando no raio de sol. Meu encanto era tal que num certo dia minha mãe me revelou que as partículas luminosas de pó eram, em verdade, fadas dançando. Ainda mais maravilhada, vivia procurando os fachos solares para contemplar as fadas a saltitar e rodopiar. O que aconteceu depois, numa outra ocasião revelo. Mas o que soube outro dia é que fiquei tão desolada quando minha mãe me contou que o papai noel não existia que, procurando amenizar o mal feito com a realidade desvelada cedo demais, ela falou das fadas.Este sentido da fantasia e do encantamento é meu tesouro mais precioso. Ter brincado na rua e no quintal, ter lido os contos de fadas e de aventuras, ter escutado histórias, ter fertilizado o imaginário e o faz de conta, parece que é a experiência mais rica da minha vida. Vivência que carrego até hoje e que me transformou em quem sou.Então fico pensando nas crianças e nos adultos de hoje. Alguns ainda carregam esta semente no ser, na alma. Outros são tão descrentes!Outro dia, ao ver os bruxos e gnomos de um cenário feito pela simpatica equipe de um projeto que participei, uma criança de 3ou 4 anos falou:- Isto é lenda!Curiosa eu lhe perguntei:- Mas o que é lenda?- Uma história que não existe, ela me respondeu.Eu fiquei de queixo caido e com o coração apertado. Seria hora de uma criança estar com um conceito assim formato em seu ser, me perguntei? Parece que no nosso mundo só vai cabendo o palpável, o real. Mas nos tempos em que a própria ciência avança tanto, esta visão tão objetiva e material já não tem mais sentido.Para compensar, no outro dia fiquei emocionada ao ver jovens de quinze anos de uma uma outra instituição, fantasiando-se, brincando, jogando, puxando carrinhos. Meu coração bateu feliz! Nem tudo está perdido, pensei!Então pensei como faz diferença o trabalho que é desenvolvido em cada entidade e mesmo na família.Creio que entregar -se à fantasia, ao imaginário, ao alumbramento, ao deslumbramento, ainda são gestos vitais, fundamentais e saudáveis, ao adulto e à criança. Experimentar, abrir-se ao novo, não taxar as coisas, são atitude s importantes a desenvolver neste caminho de respeito e reconhecimento ao ser de cada ser, ao ser de cada povo, cada cultura.Estes são pensamentos que o ato de contar histórias me trouxe, nestes dias de outubro. O que acha? O que pensa? Marcadores: realidade, reflexões - imaginário- fantasiaando eu era pequena , adorava ficar olhando a poeira dourada dançando no raio de sol. Meu encanto era tal que num certo dia minha mãe me revelou que as partículas luminosas de pó eram, em verdade, fadas dançando. Ainda mais maravilhada, vivia procurando os fachos solares para contemplar as fadas a saltitar e rodopiar. O que aconteceu depois, numa outra ocasião revelo. Mas o que soube outro dia é que fiquei tão desolada quando minha mãe me contou que o papai noel não existia que, procurando amenizar o mal feito com a realidade desvelada cedo demais, ela falou das fadas.

Este sentido da fantasia e do encantamento é meu tesouro mais precioso. Ter brincado na rua e no quintal, ter lido os contos de fadas e de aventuras, ter escutado histórias, ter fertilizado o imaginário e o faz de conta, parece que é a experiência mais rica da minha vida. Vivência que carrego até hoje e que me transformou em quem sou.

Então fico pensando nas crianças e nos adultos de hoje. Alguns ainda carregam esta semente no ser, na alma. Outros são tão descrentes!
Outro dia, ao ver os bruxos e gnomos de um cenário feito pela simpatica equipe de um projeto que participei, uma criança de 3ou 4 anos falou:
- Isto é lenda!
Curiosa eu lhe perguntei:
- Mas o que é lenda?
- Uma história que não existe, ela me respondeu.
Eu fiquei de queixo caido e com o coração apertado. Seria hora de uma criança estar com um conceito assim formato em seu ser, me perguntei? Parece que no nosso mundo só vai cabendo o palpável, o real. Mas nos tempos em que a própria ciência avança tanto, esta visão tão objetiva e material já não tem mais sentido.
Para compensar, no outro dia fiquei emocionada ao ver jovens de quinze anos de uma uma outra instituição, fantasiando-se, brincando, jogando, puxando carrinhos. Meu coração bateu feliz! Nem tudo está perdido, pensei!

Então pensei como faz diferença o trabalho que é desenvolvido em cada entidade e mesmo na família.
Creio que entregar -se à fantasia, ao imaginário, ao alumbramento, ao deslumbramento, ainda são gestos vitais, fundamentais e saudáveis, ao adulto e à criança. Experimentar, abrir-se ao novo, não taxar as coisas, são atitude s importantes a desenvolver neste caminho de respeito e reconhecimento ao ser de cada ser, ao ser de cada povo, cada cultura.

Estes são pensamentos que o ato de contar histórias me trouxe, nestes dias de outubro. O que acha? O que pensa?

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

agradecimento

Contando histórias, quatorze anos passaram. E para relembrar o caminho percorrido quero primeiramente agradecer todos os que abriram as portas para receber os contos e a contadora.
Pois, entre tantas passagens por tantos lugares, o que fica vívido no coração são os olhares enternecidos; as palavras doces; os ouvidos atentos; o riso e as lágrimas derramadas quando os contos se tecem; os encontros amigáveis, ternos, amorosos, sejam estes que se dão no momento do ato narrativo ou estes que deságuam em novos encontros, tecendo relações que se perpetuam em amizades.
Também permanece calorosa na alma a honra de compartilhar momentos da intimidade de tantas famílias e grupos, tendo a graça de portar a luz dos contos para celebrar aniversários, nascimentos e outras datas festivas; colocar pitadas de poesia e encanto em encontros de estudo e desenvolvimento; semear possíveis harmonias em momentos terapêuticos ou de pura diversão.
Como os ventos ou as águas que passam pelos caminhos, com as histórias tive a honra e a felicidade de percorrer distintas paisagens desta nossa vida moderna. Feita de matéria impalpável e evanescente como palavras soadas e imagens imaginárias, as histórias chegaram e se foram, junto com o momento que passou. Mas ainda como o vento e as águas passadas, as histórias também deixam suas marcas invisíveis na alma e no corpo, também deixam sentimentos e sensações, como o ar e as gotas que passam.
Obrigada a todos que acolheram as histórias; obrigada às histórias e aos contadores de todos os tempos; obrigada a todos os povos que as cultivaram, guardaram, transmitiram, permitindo que chegassem até nós...!

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

saudações às encantarias

Salve os seres mágicos que hoje vêm nos visitar: elementais, fadas, bruxas, elfos, sacis, caiporas, sereias, iaras, curupiras, ondinas, salamandras, anões... Criaturas que habitam o invisível , que tecem o véu diáfano do imaginário, que protegem a Terra e seus elementos. Seres que povoam as belas histórias dos povos e povoam nossa imaginação de encantos.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Lá vem as visagens e fantasmagorias!

Dia 30 é o dia do saci e 31 das bruxas. Preparem-se, pois o portal do reino mágico se abre e todas estas criaturas vem passear em nosso mundo. Sempre é bom deixar umas comidas gostosas sobre a mesa para que eles se regalem. Para as bruxas: maçãs e bolos de frutas; para o caipora: pinga, fumo de corda, rapé e um mingau bem docinho; para o saci: pão de queijo, biscoito de araruta e um cachimbinho bem bonito. Também é bom se fantasiar, pois assim pensam que são um deles e não corremos o risco de sermos raptados e levados para o lado de lá. Quanto aos modelos, pode ser de bruxa, fantasma, caveira, alma penada, curupira, caipora, saci, lobisomem, etc e tal. Pois eles andam juntos, seu mundo não tem fronteiras como nosso! é claro que uns vivem num país, outro noutro, mas creio que circulam à vontade. Numa mesma noite, as bruxas podem ir a muitos bailes, em muitos cantos da terra!



quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Aventuras de Uma Sacióloga

Esta é Dona Maria Encarnada, emérita caça-saci e doutora sacióloga. Segundo ela os sacis estão na maior festa , pois dia 30 está chegando. E neste dia em que são festejados, fazem a maior farra! Tomem cuidado, pois as travessuras aumentam!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Quais?
As mais conhecidas tipo, rezar o milho, enrolar as linhas, jogar alfinetes no chão, comer os quitutes da cozinha, dar nó na crina dos cavalos, colocar pólvora no cachimbo.....
Mas nestes tempos modernos, andei sabendo que estão inventando outras diabruras ou sacizadas, como queiram: andam, por exemplo, dando "tilt" nos computadores, embaralhando as linhas telefônicas, dando pane nos faróis, ou semáforos...
Agora pouco acabou de aparecer um aqui no meu quintal. Dando uma risada marota, me aplicou uma rasteira e avisou que dia 30 chegam todos em comboio. Se preparem!


segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Histórias e Sabores - agradecimentos

Foi bem gostosa a apresentação de Histórias e Sabores.
Simpáticas senhoras, o Ari e o amigo Flávio, honraram-me com sua presença. Obrigada! Obrigada também a Aglaia que fez as comidas deliciosas: canja de galinha, bolinho de arroz com molho de curry e acompanhamento de agrião e rabanate. (mousse ou musse ?) de limão. Obrigada a Aninha Porto que está sempre ao meu lado, ora fazendo a luz, ora ajudando no serviço da cena. E obrigada a todos da Paidéia que estão oferecendo o espaço e sempre me aconchegando e apoiando.
Quem ficou com água na boca, saiba que no dia 08 de dezembro tem outro Histórias e Sabores. Os contos serão de natal e os quitutes também. Agendem-se

Carinho,
Tininha

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Em minha infância vivia mergulhada no mundo de faz de conta. Brincar, dançar, ler e ouvir os contos de fadas, eram minha alegria e meu alimento. Na adolescência, já me encaminhei para o teatro amador. Num desvio pela faculade de arquiteutura ( incompleta ), me transferi e formei em artes cênicas na Unb. Nesta cidade de belo céu e lindo pôr de sol, atuei profissionalmente em teatro adulto e infantil; dei aulas de teatro e arte corporal, na faculdade de Artes, cursos e festivais; trabalhei em projetos de referenciamento da cultura brasileira e de interação cultura -educação na Fundação Nacional pró- Memória. De volta a São paulo cursei especialização em Teatro e Dança na Eca -Usp; fiz aulas de dança e consciência corporal em várias técnicas, dei aulas de dança e trabalhos corporais para o ator; trabalhei no laboratório de redação do museu Lasar Segall. Em 1993, integrando os interesses pela arte, teatro, cultura, educação, memória, fiz meu primeiro repertório -solo de histórias. Desde então, encontrando a vocação de minha alma , sigo a trilha dos bardos, aedos, rapsodos, griots, tramando na urdidura de nosso tempo presente as belas narrativas milenares dos povos da terra. Espetáculos, para crianças, jovens adultos; cursos e palestras são realizados em empresas, entidades culturais, educacionais, de saude, lazer, ongs, creches, escolas, faculdades, residências, teatros... e onde quer que sejam acolhidos.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

partir ou ficar?

Tão antiga a história de Bábuscka, ou da Beffana, que é praticamente a mesma personagem, ainda toca nosso coração tendo muito a nos dizer. Cada vez mais, aliás! Pois, cada vez mais a pressa, a falta de tempo, a correria, parece nos tirar do Caminho
Nas duas personagens, uma da Rússia e outra da Itália, a mesma questão se coloca: abandono meus deveres, meu serviço, minhas tarefas cotidianas, tais como lavar, passar, limpar e vou saudar o Menino prometido? Ou fico e primeiro desocupo-me de minhas tarefas?
Optando pelo dever cotidiano, ambas se atrasam, ou como se diz, “perdem o bonde”.
E tal dilema, não se aplica somente à questão colocada na histórias das duas camponesas: tudo largar para saudar o Menino Divino.
O “Menino”, pode ser este chamado maior que em certos instantes de sua vida, cada um pode se deparar. Este impulso, esta força que convida a seguir ao encontro da sua Essência, de seu Eu, Dom, Alma.... Chamado, a que os heróis e heroínas de tantas histórias são convidados a seguir ao encontro.
Pressa ou pausa? Obrigação com o dever corriqueiro ou compromisso com a essência?
Fixação ou ruptura? Apego ou coragem?
Ao chegar o tempo do natal e mais uma vez mergulhar na história de Bábuschka para semeá-la no mundo, estas questões tocam meu coração e ressoam em minha alma.
Se desejar navegar comigo nas aventuras desta camponesa que ressurge no natal trazendo mimos e uma mensagem dos anjos, estarei te esperando no dia oito de Dezembro, 20 horas.
Ao redor da mesa fraterna, provaremos quitutes ao som de “Quando A Estrela Ressurge”. O encontro deste “histórias e sabores” que celebra o natal é no Pátio dos Coletores de Cultura, Teatro Paidéia, que fica na Rua Darwin, 153, tel 5522, 1283.

sábado, 5 de maio de 2007

Quando a Estrela Ressurge

Amável leitor ou leitora,
"Já vem chegando o tempo do Natal, época de entregar-se à quietude do coração, de contemplar o céu estrelado e outras belezas do universo, encantando-se com o milagre que, ano após ano, se renova. Também é tempo de não se atrasar para preparar a festa em honra ao Menino do Céu."
Este é o aviso de Bábuchka, que no mês de dezembro ressurge das lonjuras do tempo, trazendo lembranças aos netos e dando notícias da Estrela que, em tempos longínqüos surgiu em sua aldeia. Os Reis também lá estiveram e a convidaram para acompanhá-los na viagem ao encontro do Bebê Divino. Será que ela foi? Você iria? Largaria de pronto sua casa e seus afazeres, colocando-se na estrada?
Para saber qual foi a atitude tomada pela camponesa nascida em terras da Rússia há bem mais de dois mil anos, venha celebrar o natal saboreando quitutes e histórias, na apresentação de:




Quando a Estrela Ressurge -


8 de dezembro - 20 horas

Pátio dos Coletores de Cultura - Teatro Paidéia

Rua Darwin, 153, 5522 1283


Tininha Calazans: textos, direção, interpretação

Mariana Porto: participação na cena e produção

domingo, 22 de abril de 2007

....mais fantasia


À você, amável presença, venho contar que a próxima aventura de Encantares seguirá ao encontro de criaturas mágicas e da magia da vida.

Quem enveredar pelas trilhas que se escondem em terras da França, Guiana, China, África, poderá descobrir o pequeno e bondoso Gênio Verde, também chamado de Mestre dos Pássaros;

as crianças encantadas que protegem a natureza; a bela fada Arco-Íris, minha amiga de infância;

o terno pintor que transformou-se num ser celeste;o tempo fascinante em que Terra e Céu viviam pertinho, como bons vizinhos.

Tem gente que acredita nestes seres e milagres que se revelam para além do mundo visível. Também tem gente que não acredita.

Quanto a mim, acredito que é vital alimentar o olhar que se maravilha, a alma que se encanta. Predicados que pertencem às crianças, aos poetas e até mesmo aos filósofos e cientistas, pois se não fosse o anseio inquieto que indaga, admira, não teceriam suas fórmulas e pensamentos...

Triste é que em nosso mundo moderno esta dimensão do ser vai ficando esquecida,

até mesmo de algumas crianças que, convidadas ao mundo do imaginário,

dizem categóricas: isto não existe!

Mas, sem mais divagar acrescento que ficaremos, (os encantados, a Aninha querida que faz a luz, e eu mesma), felizes com sua presença para assistir:


A História da Amizade entre A Princesa das Águas e o Príncipe das Árvores

e outras Lendas da Natureza e da Vida


dias 24 e 25 de novembro, as 16 horas


Pátio dos Coletores de Cultura - Teatro Paidéia -

R. Darwin, 153, 55221283


para crianças (a partir de 4 anos e adultos) - R$12,00 e R$ 6,00

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Salve a Terra


A passagem do caos ao cosmos sempre me encantou. São belas as versões dos povos. E o mágico é que certos fenômenos aparecem em muitos povos. O dilúvio é um deles. Neste repertório tem um belo mito dos índios de Montana, sobre o tema.

sábado, 7 de abril de 2007

Conversas de Passarinhos



















Você tem visto passarinho? Pare um pouco. Escute seu canto. Quando se aproximam, têm algum segredo para contar.
Outro dia fomo presenteadas com saudações de um beija-flor. Assim que o carro estacionou, em pleno bairro do Paráiso, o Colibri ficou voejando uns cinco minutos em frente da janela do carro. Extasiadas, paramos à contemplá-lo. Entre tantas coisas que falou, pediu que voltasse a contar as histórias de Conversas de Passarinhos, que há anos estão paradas na memória. Atendendo o pedido, marquei a data e espero você lá.

sábado, 10 de março de 2007

Histórias Cheias de Brincadeiras 2008



























A alegria de brincar é dos maiores tesouros que trago guardado em meu coração. Foi minha mãe quem me doou este gosto precioso, deixando que eu brincasse à vontade e também ensinando brincares divertidos.
No tempo de minha infância as brincadeiras eram muitas e nesta época, em São Paulo, ainda era possível brincar na rua .
Futebol, queimada, corridas de bicicleta, quatro cantos, alerta, bolinha de gude, eram algumas das brincadeiras e jogos que
ocupavam alegres o espaço público, já asfaltado, mas que ainda tinha uns trechos de mato. Era ali que iamos colher mamona. Com os frutos redondos e espinhentos faziamos munição para brincar de guerras e, com os talos furados, canudos para as bolinhas de sabão que não vinham prontas mas eram feitas misturando-se água com sabão em pó. E neste tempo divertido, quando a noite chegava com suas sombras e trevas, também nos revelava a linda luz da lua e das estrelas que não eram ofuscadas pela ferina lâmpada de mercúrio de mercúrio. Achar o Cruzeiro do Sul, as Três marias e outras que já não me lembro, era uma delícia. Quando era tempo de lua nova minha mãe nos chamava a dizer: vovózinha, vovozinha, me dá um pote de mel com farinha para o meu gatinho que chora de fome no pé do fogão! E quando a estrela cadente cruxava o firmamento o coração deslumbrava-se coma visão e a possibilidade de fazer um desejo. O quintal também era lugar de brincar, assim como a sala, os quartos, a escada... Mar vermelho, bafo, casinha, boneca, pulga e balanço eram alguns de meus brinquedos favoritos. Os aniversários também eram uma delícia. Bem mais simples do que os de hoje, é verdade. Mas creio que mais saudáveis. Sobre a mesa, os docinhos feitos em casa: brigadeiro, amendoim e o delicioso sanduiche de molho de tomate que minha mãe fazia como ninguém. Os presentes não eram avolumados numa caixa para serem abertos depois. Não! O mais gostoso era abrir cada pacote, ali mesmo na frente de quem o dera, agradecer e depois colocá-lo em cima da cama! Bate panela, rabo de burro, pique-pega, esconde -esconde, corrida de saco, eram alguns dos brincares com que nos entretinhamos. Muitas outras diversões compuseram esta parte de minha vida, mas isto é outra história que fica para outra vez vez. Por hora ainda vou dizer que este gosto pelo gesto lúdico, levou-me a fazer "Histórias Cheias de Brincadeiras", um repertório que convida crianças e adultos às alegrias de brincar. Aproveitando a conversa, agradeço aos mestres artesão que fizeram alguns dos brinquedos tradicionais usados na cena Belos e singelos, sem pilha, sem controle remoto, os tão antigos brinquedos feitos de pano, de madeira, de palavras, ainda divertem e encantam as crianças de hoje. As crianças de ontem, ou adultos de hoje, também se alegram e envolvem relembrando os brincares de sua infância e de tempos de antanho. Decifrando enigmas, falando com ritmo e rima sem embolar a língua, aventurando-se nas histórias com estruturas divertidas e ainda dançando em roda, os mais novos e os mais velhos encontram- se no gesto brincante essencial ao homem de todo tempo e lugar.
Data: 15 de março às 16 horas.
Duração: entre cinqüenta e sessenta minutos
Local: Pátio dos Coletores de Cultura – Teatro Paidéia - Rua Darwin 153 – Alto da Boa Vista – Santo Amaro - São Paulo /SP - 5522 1283
Público: crianças a partir de 4 anos e adultos
Ingressos: R$ 6,00 e R$ 12,00
Ficha Técnica: direção, interpretação, textos e recontos de Tininha Calazans
Luz: Ana Porto
beijos.....