Enquanto a chuva desaba mergulho na lenda do Dilúvio. É belo como certos temas surgem nas narrativas dos mais diversos povos. Nesta lenda dos índios de Montana em que estou trabalhando, me encanta a figura do Deus Criador que não surge como um Ser que sempre acerta. Ao ver que sua obra não é perfeita, Êle desanima, chora, se lamenta....
Um Deus que derrama lágrimas fica mais perto da gente, nos deixa mais calmos, apazigua o coração nos fazendo compreender que podemos tentar várias vezes, podemos criar, destruir, recriar, buscando aprimorar a obra.
Também é bonito como terra e água surgem numa relação de orgânica simbiose. Depois de alagar a Terra, de aterrar a água, o Deus Criador conclui: "água sem terra não faz um mundo onde se possa viver, mas terra sem água também não!"
Diante destas palavras pensamos nos pobres rios de São Paulo. O que sobrou de sua grandeza? Só restam os tristes filetes de água que correm soterrados pelo asfalto ou emparedados pelas muralhas de pedra, os carros ao largo.
Para compensá-los, coloca-se um pouquinho de verde ao redor, jardim feito com grande alarde. Mas será que basta à natureza esta "pequenez compensatória? Uma aárvorezinha aqui, outra ali, um gramado exíguo, supre a alma nda natureza que voa largo e livre, sendo tão generosa ao homem esquecido que também é natureza?
Aventurar-se nos mágicos caminhos da palavra encantada, abrindo o coração à visão do invisível, ao gesto da escuta, ao olhar que se maravilha, ao pensamento mágico e imaginativo, ao universo brincante, à diversidade cultural dos povos é o convite deste projeto de trabalho e vida.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
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